La vie de Vivi

Alô, ainda tem alguém aqui?

Faz sentido me apresentar, sendo que, na melhor das hipóteses, só meus amigos vão aparecer por aqui? Alguém ainda lê blogs? Ou estou falando com bots de IA?

Olá, sou Vivian Bortolotti.
Tenho 38 anos e, há cerca de um ano, moro em Barcelona. Antes disso, vivi um ano em Roma e, por quase uma década, morei no centro de São Paulo, Brasil, trabalhando em museus.

Escrever uma descrição sobre si mesma é sempre um desafio — e voltar a escrever no formato de blog é, ao mesmo tempo, estranho e familiar.
Sou formada em História da Arte (bacharela, para soar mais chique) e trabalhei por quase dez anos em museus. Segui por esse caminho, talvez por prudência — ou medo — de não conseguir viver da arte como eu imaginava. Nunca me senti exatamente uma pesquisadora, mas hoje não me arrependo da minha formação, mesmo que ela não tenha rendido muito dinheiro.

A vida, claro, não seguiu uma linha reta.
Em 2018, com os cortes de verba para a cultura no Estado, fui demitida do último museu onde trabalhava. Foi um momento difícil, mas também o início de novas possibilidades — portas e janelas que antes eu nem enxergava. Retomei o desenho e comecei uma produção autoral que, aos poucos, foi tomando forma. Participei de feiras, exposições, montei uma lojinha e passei a dar aulas e oficinas em casa, em espaços independentes, no SESC, e assim finalmente conseguir viver da minha arte.

Confesso: esse foi o período de maior realização profissional da minha vida.
Ele me fez repensar a minha relação com a arte e entender o que realmente fazia sentido pra mim.

Em 2023, me mudei para Roma, com o plano antigo de fazer um mestrado em Arteterapia. Mas, como todo imigrante sabe, a vida fora do país raramente sai como o planejado. Esses projetos acabaram ficando em pausa enquanto eu tentava organizar a vida prática.

Em 2024, cheguei a Barcelona — uma cidade vibrante, cheia de vida, cultura e arte — que me acolheu e me ajudou a reconectar com essa parte criativa que havia ficado suspensa.

Depois de muito pensar, decidi criar este bloguinho.
Como boa millennial 35+, vivi intensamente a era dos blogs lá por meados dos anos 2000. Acompanhei vários por anos a fio e, recentemente, andava cansada das redes sociais. Uma amiga costumava se referir a essa época dizendo “que saudades de quando a internet era mais silenciosa”. Essa frase ficou ecoando aqui comigo. Naquele tempo, visitar um blog era como passar na casa de um amigo para tomar um café à tarde, ou como receber uma cartinha de alguém que morava longe.

Esse blog nasce dessa vontade: compartilhar — a princípio com meus amigos e ex-alunos — minhas experiências de viagem, visitas a museus e exposições, de um jeito mais calmo e menos superficial do que uma sequência de stories. E, talvez, elaborar pra mim mesma o valor dessas experiências que, por tantos anos, a adolescente guarulhense que eu fui sonhou em viver.

Este espaço não tem nenhuma pretensão acadêmica ou especializada em História da Arte.
É apenas um diário de vivências, baseado no meu olhar (às vezes um pouco romantizado, admito).

Esta é apenas La vie de Vivi.